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  • Foto do escritorAna Luiza de Figueiredo Souza

Introdução do livro La maternidad en la ficción contemporánea

Atualizado: 26 de dez. de 2021

Publicado em meados de 2020 em parceria entre a Universitat de Lleida (UdL) e a Peter Lang Publising, com organização das professoras Mariona Visa, Erica Briones e M. Carme Figuerola, todas da UdL, o livro explora as representações da maternidade em diferentes produções midiáticas das últimas décadas.



O objetivo geral da coletânea é analisar quais são os estereótipos com que, de forma simbólica, se constrói a maternidade nas obras de ficção audiovisual e literária lançadas ou publicadas na Espanha desde o início do século XX até a atualidade. Procura observar que relato se faz dos processos dessa (assim referida) etapa: a busca por engravidar, a infertilidade, os abortos espontâneos ou voluntários, a gestação, as perdas perinatais, o parto, a amamentação e o puerpério, depois de séculos em que essas experiências foram silenciadas pelas obras culturais ou tratadas de forma simbólica, sem incluir a subjetividade feminina.


A partir disso, é possível perceber que o livro, por um lado, inclui experiências que poderiam ser associadas à não maternidade entre as temáticas maternas cuja representação busca explorar e, por outro, foca em vivências maternas relacionadas à maternidade biológica, deixando de abordar dinâmicas como processos de adoção (em suas mais variadas formas) ou de guarda de crianças/adolescentes/adultos com necessidades especiais por parte de pessoas que não sejam seus pais.


A maternidade e a não maternidade são partes constitutivas da identidade das mulheres, no sentido de integrarem sua construção identitária. Tal constatação, por mim desenvolvida desde o mestrado, encontra espaço de diálogo com a coletânea, ainda que os capítulos que a componham em geral não utilizem o termo não maternidade, nem aludam a temáticas não maternas ou childfree.


Na introdução, assinada por Mariona Visa, é informado que o livro se inicia com um capítulo introdutório com o título El análisis de contenido, una apuesta metodológica para el estudio de la maternidad en la ficción. Ele faz uma revisão dos estudos existentes sobre a representação da maternidade nos meios de comunicação, especificamente no cinema e na televisão, detendo-se na metodologia utilizada para, assim, contextualizar os demais capítulos do livro, dos quais detalha os principais objetivos e a aproximação metodológica utilizada.


Em seguida, a introdução explica que o primeiro bloco da coletânea apresenta uma visão panorâmica de como se representa a maternidade em outras manifestações culturais (entre elas, a arte e a publicidade) que servem de contexto para a posterior análise centrada na ficção.


O segundo bloco do livro é centrado na literatura. Discute a escrita feminina e a relação entre mãe e filha, estudando não apenas a figura da mãe, mas também a multiplicidade de gêneros que, nos últimos anos, têm ocupado o lugar da novela familiar para descrever essa relação. O bloco aborda o grande destaque dado à narrativa de testemunho por mães escritoras que convertem parte de sua vivência materna em material literário.


Os dois blocos seguintes se centram na ficção audiovisual. O poder do cinema, da televisão e, atualmente, das plataformas digitais de distribuição de conteúdos audiovisuais para a construção de identidades culturais é altamente reconhecido. A exposição às mensagens transmitidas por meio dessas obras tem clara influência nas representações mentais que a audiência cria das etapas vitais, assim como nas atitudes que adota ao vivenciá-las. Apenas na década atual (relativa à publicação do livro) se vê grande quantidade de obras com protagonistas femininas, muitas delas tendo mulheres também nas posições de roteiristas e produtoras, que exploram temáticas historicamente afastadas das ficções televisivas, entre elas, os processos de reprodução e a criança vista por uma perspectiva de gênero.


A partir desses quatro blocos, a coletânea pretende descrever e fazer conhecer o estado atual da representação da maternidade na ficção, analisando algumas das obras que mais se destacaram nas últimas décadas. Conforme apontado na introdução, nelas cabem novos discursos sobre o que significa ser mãe, muitos dos quais incluem o relato das mulheres em primeira pessoa. A partir de suas respectivas disciplinas, o volume monográfico traz luz sobre como se constrói simbolicamente a maternidade na ficção contemporânea, “que não podemos esquecer que atua como vitrine na qual se refletem as tendências e problemáticas de nossa sociedade”, conclui Mariona Visa.


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Para ler os capítulos na íntegra, no idioma original da publicação, conheça a coletânea.

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