Vivemos em um contexto que, cada vez mais, exige flexibilidade, energia, dinamismo. Porém, com mulheres, essa exigência se soma a dois fatores: 1) a necessidade de cobrirmos ausências masculinas — algo que ocorre desde muito antes da chegada dessas demandas contemporâneas; e 2) expectativas historicamente atreladas ao gênero feminino, sobretudo relacionadas à estética, à vida afetiva e à maternagem.
Em artigo anterior, abordei o problema da mulher multitarefas . Chamo essa mulher de mulher-polvo, por estar sempre dando conta de diferentes afazeres tal qual um polvo agarra diferentes objetos com os tentáculos. Em outras palavras, trata-se da mulher que transforma cada extensão de seu corpo em tentáculos, com os quais administra desde compromissos até o lazer.
Precisa conciliar exigências em diferentes esferas, que não se anulam. Ao contrário, somam-se umas às outras, junto a demandas historicamente construídas: vida familiar, obtenção de renda, maternagem, vida amorosa, carreira, estética, vida social, atuação sociopolítica.
Muitas vezes, essa mulher-polvo — que precisa abraçar tudo e todos — é resultado das desigualdades que a obrigam a lidar com as obrigações que os homens ao seu redor não assumem. Afinal, boa parte dos tentáculos da mulher-polvo está ocupada com responsabilidades que deveriam ser divididas.
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Confira aqui o post sobre a mulher-polvo (ou a mulher multitarefa) e suas implicações em formato compacto.
Essa e outras temáticas são melhor exploradas no livro “Ser mãe é f*d@!”: mulheres, (não) maternidade e mídias sociais, além de integrarem minha atual pesquisa de doutorado.
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